SANTA MISSA NA IGREJA DE SANTA ANA NO VATICANO- HOMILIA DO SANTO PADRE FRANCISCO V DOMINGO DE QUARESMA, 17 DE MARÇO DE 2013 Considero isto muito belo! Primeiro, Jesus sozinho no monte a rezar: rezava sozinho (cf. Jo 8, 1). Depois, foi de novo para o templo, e todo o povo ia ter com Ele (cf. v. 2): Jesus no meio do povo. E, no fim, deixaram-No sozinho com a mulher (cf. v. 9). Esta solidão de Jesus é uma solidão fecunda: tanto a da oração com o Pai, como a solidão tão bela – é precisamente a mensagem da Igreja, hoje – da sua misericórdia com esta mulher. Mas, entre o povo, também havia diferenças: aparece o povo inteiro que ia ter com Ele e Ele sentou-se e pôs-Se a ensiná-lo: o povo que queria ouvir as palavras de Jesus, o povo de coração aberto, necessitado da Palavra de Deus. E temos outros, que não ouviam nada, não podiam ouvir: eram aqueles que acompanhavam aquela mulher: Ouve, Mestre! Esta mulher é uma daquelas que... Com este tipo de mulher, devemos fazer o que nos prescreveu Moisés (cf. vv. 4-5). Penso que nós também somos este povo que, por um lado, quer ouvir Jesus, mas, por outro, às vezes agrada-nos malhar nos outros, condenar os outros. ORA A MENSAGEM DE JESUS É SEMPRE A MESMA: A MISERICÓRDIA. A meu ver – humildemente o afirmo –, é a mensagem mais forte do Senhor: a misericórdia. Ele próprio o disse: Eu não vim para os justos; os justos justificam-se sozinhos – alto lá, bendito Senhor! Se Tu podes fazê-lo, eu não posso! – Sim, mas eles acreditam que o podem fazer. Eu vim para os pecadores (cf. Mc 2, 17). Pensai nas críticas que Lhe fizeram, depois de chamar Mateus: Ele convive com os pecadores! (cf.Mc 2, 16). Sim, Ele veio para nós, se nos reconhecermos pecadores; mas, se formos como aquele fariseu à frente do altar – «eu Vos dou graças, Senhor, por não ser como o resto dos homens, nem como aquele que está ali à porta, como aquele publicano…» (cf. Lc 18, 11-12) – não conhecemos o coração do Senhor e nunca teremos a alegria de sentir esta misericórdia! Não é fácil entregar-se à misericórdia de Deus, porque se trata de um abismo incompreensível. Mas devemos fazê-lo! «Oh padre, se conhecesses a minha vida, não me falarias assim!» «Porquê? Que fizeste?» «Oh, fi-las grandes e graves!» «Melhor! Vai ter com Jesus; Ele gosta que Lhe contes essas coisas!». Ele esquece; Ele tem uma capacidade especial de esquecer. Esquece, beija-te, abraça-te e apenas te diz: «Também Eu não te condeno! Vai, e doravante não tornes a pecar» (Jo 8, 11). Este é o único conselho que te dá. Passado um mês, estamos nas mesmas condições... Voltemos ao Senhor! O Senhor nunca Se cansa de perdoar, nunca! Somos nós que nos cansamos de Lhe pedir perdão. Peçamos a graça de não nos cansarmos de pedir perdão, porque Ele jamais Se cansa de perdoar. Peçamos esta graça! PAPA FRANCESCO- ANGELUS- Piazza San Pietro Domenica, 17 marzo 2013 “Deus jamais se cansa de nos perdoar. Nós é que nos cansamos de pedir perdão". A importância do perdão divino foi a principal mensagem da oração do Ângelus que o papa Francisco proferiu pela primeira vez neste domingo. “Deus é como um pai misericordioso, que sempre tem paciência conosco, nos compreende, atende, não se cansa de nos perdoar. Grande é a misericórdia do Senhor", disse. Durante o seu pronunciamento, muitas pessoas agitavam bandeiras argentinas. O papa, que é argentino, lembrou das origens italianas da sua família, mas enfatizou que todos pertencem à família “maior” que é a igreja. A importância da imprensa também foi destacada pelo papa que afirmou que, graças às novas tecnologias, o alcance das suas palavras ganha uma “dimensão mundial”. Fratelli e sorelle, buongiorno! Dopo il primo incontro di mercoledì scorso, oggi posso rivolgere di nuovo il mio saluto a tutti! E sono felice di farlo di domenica, nel giorno del Signore! Questo è bello è importante per noi cristiani: incontrarci di domenica, salutarci, parlarci come ora qui, nella piazza. Una piazza che, grazie ai media, ha le dimensioni del mondo. In questa quinta domenica di Quaresima, il Vangelo ci presenta l’episodio della donna adultera (cfrGv 8,1-11), che Gesù salva dalla condanna a morte. Colpisce l’atteggiamento di Gesù: non sentiamo parole di disprezzo, non sentiamo parole di condanna, ma soltanto parole di amore, di misericordia, che invitano alla conversione. “Neanche io ti condanno: va e d’ora in poi non peccare più!” (v. 11). Eh!, fratelli e sorelle, il volto di Dio è quello di un padre misericordioso, che sempre ha pazienza. Avete pensato voi alla pazienza di Dio, la pazienza che lui ha con ciascuno di noi? Quella è la sua misericordia. Sempre ha pazienza, pazienza con noi, ci comprende, ci attende, non si stanca di perdonarci se sappiamo tornare a lui con il cuore contrito. “Grande è la misericordia del Signore”, dice il Salmo. In questi giorni, ho potuto leggere un libro di un Cardinale – il Cardinale Kasper, un teologo in gamba, un buon teologo – sulla misericordia. E mi ha fatto tanto bene, quel libro, ma non crediate che faccia pubblicità ai libri dei miei cardinali! Non è così! Ma mi ha fatto tanto bene, tanto bene … Il Cardinale Kasper diceva che sentire misericordia, questa parola cambia tutto. E’ il meglio che noi possiamo sentire: cambia il mondo. Un po’ di misericordia rende il mondo meno freddo e più giusto. Abbiamo bisogno di capire bene questa misericordia di Dio, questo Padre misericordioso che ha tanta pazienza … Ricordiamo il profeta Isaia, che afferma che anche se i nostri peccati fossero rossi scarlatti, l’amore di Dio li renderà bianchi come la neve. E’ bello, quello della misericordia! Ricordo, appena Vescovo, nell’anno 1992, è arrivata a Buenos Aires la Madonna di Fatima e si è fatta una grande Messa per gli ammalati. Io sono andato a confessare, a quella Messa. E quasi alla fine della Messa mi sono alzato, perché dovevo amministrare una cresima. E’ venuta da me una donna anziana, umile, molto umile, ultraottantenne. Io l’ho guardata e le ho detto: “Nonna – perché da noi si dice così agli anziani: nonna – lei vuole confessarsi?”. “Sì”, mi ha detto. “Ma se lei non ha peccato …”. E lei mi ha detto: “Tutti abbiamo peccati …”. “Ma forse il Signore non li perdona …”. “Il Signore perdona tutto”, mi ha detto: sicura. “Ma come lo sa, lei, signora?”. “Se il Signore non perdonasse tutto, il mondo non esisterebbe”. Io ho sentito una voglia di domandarle: “Mi dica, signora, lei ha studiato alla Gregoriana?”, perché quella è la sapienza che dà lo Spirito Santo: la sapienza interiore verso la misericordia di Dio. Non dimentichiamo questa parola: Dio mai si stanca di perdonarci, mai! “Eh, padre, qual è il problema?”. Eh, il problema è che noi ci stanchiamo, noi non vogliamo, ci stanchiamo di chiedere perdono. Lui mai si stanca di perdonare, ma noi, a volte, ci stanchiamo di chiedere perdono. Non ci stanchiamo mai, non ci stanchiamo mai! Lui è il Padre amoroso che sempre perdona, che ha quel cuore di misericordia per tutti noi. E anche noi impariamo ad essere misericordiosi con tutti. Invochiamo l’intercessione della Madonna che ha avuto tra le sue braccia la Misericordia di Dio fatta uomo. Adesso tutti insieme preghiamo l’Angelus: [preghiera dell’Angelus] Rivolgo un cordiale saluto a tutti i pellegrini. Grazie della vostra accoglienza e delle vostre preghiere. Pregate per me, ve lo chiedo. Rinnovo il mio abbraccio ai fedeli di Roma e lo estendo a tutti voi, e lo estendo a tutti voi, che venite da varie parti dell’Italia e del mondo, come pure a quanti sono uniti a noi attraverso i mezzi di comunicazione. Ho scelto il nome del Patrono d’Italia, San Francesco d’Assisi, e ciò rafforza il mio legame spirituale con questa terra, dove – come sapete – sono le origini della mia famiglia. Ma Gesù ci ha chiamati a far parte di una nuova famiglia: la sua Chiesa, in questa famiglia di Dio, camminando insieme sulla via del Vangelo. Che il Signore vi benedica, che la Madonna vi custodisca. Non dimenticate questo: il Signore mai si stanca di perdonare! Siamo noi che ci stanchiamo di chiedere il perdono. Buona domenica e buon pranzo! ENCONTRO COM OS REPRESENTANTES DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SOCIAL- Sala Paulo VI Sábado, 16 de março de 2013 Queridos amigos É para mim uma alegria poder, no início do meu ministério na Sé de Pedro, encontrar-vos, a vós que estivestes empenhados aqui em Roma num período tão intenso como este que teve início com o inesperado anúncio do meu venerado Predecessor Bento XVI, no dia 11 de Fevereiro passado. Saúdo cordialmente a cada um de vós. Ao longo dos últimos tempos, não tem cessado de crescer o papel dos mass media, a ponto de se tornarem indispensáveis para narrar ao mundo os acontecimentos da história contemporânea. Por isso, vos dirijo um agradecimento especial a todos pelo vosso qualificado serviço – trabalhastes… e muito! – nos dias passados, quando os olhos do mundo católico e não só se voltaram para a Cidade Eterna, nomeadamente para este território que tem como «centro de gravidade» o túmulo de São Pedro. Nestas semanas, tivestes ocasião de falar da Santa Sé, da Igreja, dos seus ritos e tradições, da sua fé e, de modo particular, do papel do Papa e do seu ministério. Um agradecimento particularmente sentido dirijo a quantos souberam olhar e apresentar estes acontecimentos da história da Igreja, tendo em conta a perspectiva mais justa em que devem ser lidos: a perspectiva da fé. Quase sempre os acontecimentos da história reclamam uma leitura complexa, podendo eventualmente incluir também a dimensão da fé. Certamente os acontecimentos eclesiais não são mais complicados do que os da política ou da economia; mas possuem uma característica fundamental própria: seguem uma lógica que não obedece primariamente a categorias por assim dizer mundanas e, por isso mesmo, não é fácil interpretá-los e comunicá-los a um público amplo e variado. Realmente a Igreja, apesar de ser indubitavelmente uma instituição também humana e histórica, com tudo o que isso implica, não é de natureza política, mas essencialmente espiritual: é o Povo de Deus, o Povo santo de Deus, que caminha rumo ao encontro com Jesus Cristo. Somente colocando-se nesta perspectiva é que se pode justificar plenamente aquilo que a Igreja Católica realiza. Cristo é o Pastor da Igreja, mas a sua presença na história passa através da liberdade dos homens: um deles é escolhido para servir como seu Vigário, Sucessor do Apóstolo Pedro, mas Cristo é o centro. Não o Sucessor de Pedro, mas Cristo. Cristo é o centro. Cristo é o ponto fundamental de referimento, o coração da Igreja. Sem Ele, Pedro e a Igreja não existiriam, nem teriam razão de ser. Como repetidamente disse Bento XVI, Cristo está presente e guia a sua Igreja. O protagonista de tudo o que aconteceu foi, em última análise, o Espírito Santo. Ele inspirou a decisão tomada por Bento XVI para bem da Igreja; Ele dirigiu na oração e na eleição os Cardeais. É importante, queridos amigos, ter em devida conta este horizonte interpretativo, esta hermenêutica, para identificar o coração dos acontecimentos destes dias. Destas considerações nasce, antes de mais nada, um renovado e sincero agradecimento pelas canseiras destes dias particularmente árduos, mas também um convite para procurardes conhecer cada vez mais a verdadeira natureza da Igreja e também o seu caminho no mundo, com as suas virtudes e os seus pecados, e conhecer as motivações espirituais que a norteiam e que são as mais verdadeiras para entendê-la. Podeis estar certos de que a Igreja, por sua vez, presta grande atenção ao vosso precioso trabalho; é que vós tendes a capacidade de identificar e exprimir as expectativas e as exigências do nosso tempo, de oferecer os elementos necessários para uma leitura da realidade. O vosso trabalho requer estudo, uma sensibilidade própria e experiência, como tantas outras profissões, mas implica um cuidado especial pela verdade, a bondade e a beleza; e isto torna-nos particularmente vizinhos, já que a Igreja existe para comunicar precisamente isto: a Verdade, a Bondade e a Beleza «em pessoa». Deveria resultar claramente que todos somos chamados, não a comunicar-nos a nós mesmos, mas esta tríade existencial formada pela verdade, a bondade e a beleza. Alguns não sabiam por que o Bispo de Roma se quis chamar Francisco. Alguns pensaram em Francisco Xavier, em Francisco de Sales, e também em Francisco de Assis. Deixai que vos conte como se passaram as coisas. Na eleição, tinha ao meu lado o Cardeal Cláudio Hummes, o arcebispo emérito de São Paulo e também prefeito emérito da Congregação para o Clero: um grande amigo, um grande amigo! Quando o caso começava a tornar-se um pouco «perigoso», ele animava-me. E quando os votos atingiram dois terços, surgiu o habitual aplauso, porque foi eleito o Papa. Ele abraçou-me, beijou-me e disse-me: «Não te esqueças dos pobres!» E aquela palavra gravou-se-me na cabeça: os pobres, os pobres. Logo depois, associando com os pobres, pensei em Francisco de Assis. Em seguida pensei nas guerras, enquanto continuava o escrutínio até contar todos os votos. E Francisco é o homem da paz. E assim surgiu o nome no meu coração: Francisco de Assis. Para mim, é o homem da pobreza, o homem da paz, o homem que ama e preserva a criação; neste tempo, também a nossa relação com a criação não é muito boa, pois não? [Francisco] é o homem que nos dá este espírito de paz, o homem pobre... Ah, como eu queria uma Igreja pobre e para os pobres! Depois não faltaram algumas brincadeiras... «Mas, tu deverias chamar-te Adriano, porque Adriano VI foi o reformador; e é preciso reformar...». Outro disse-me: «Não! O teu nome deveria ser Clemente». «Mas porquê?». «Clemente XV! Assim vingavas-te de Clemente XIV que suprimiu a Companhia de Jesus!». São brincadeiras... Amo-vos imensamente! Agradeço-vos por tudo o que fizestes. E, pensando no vosso trabalho, faço votos de que possais trabalhar serena e frutuosamente, conhecer cada vez melhor o Evangelho de Jesus Cristo e a realidade da Igreja. Confio-vos à intercessão da bem-aventurada Virgem Maria, Estrela da Evangelização. Desejo o melhor para vós e vossas famílias, para cada uma das vossas famílias. E de coração a todos concedo a minha bênção. Obrigado. (Palavras em espanhol) Les dije que les daba de corazón la bendición. Como muchos de ustedes no pertenecen a la Iglesia católica, otros no son creyentes, de corazón doy esta bendición en silencio, a cada uno de ustedes, respetando la conciencia de cada uno, pero sabiendo que cada uno de ustedes es hijo de Dios.¡Que Dios los bendiga! [Disse que de coração vos daria a minha bênção. Uma vez que muitos de vós não pertencem à Igreja Católica e outros não são crentes, de coração concedo esta bênção, em silêncio, a cada um de vós, respeitando a consciência de cada um, mas sabendo que cada um de vós é filho de Deus, Que Deus vos abençoe!] SANTA MISSA COM OS CARDEAIS, na Capela Sistina- quinta-feira, 14 de março de 2013 Vejo que estas três Leituras têm algo em comum: é o movimento. Na primeira Leitura, o movimento no caminho; na segunda Leitura, o movimento na edificação da Igreja; na terceira, no Evangelho, o movimento na confissão. Caminhar, edificar, confessar. Caminhar. «Vinde, Casa de Jacob! Caminhemos à luz do Senhor» (Is 2, 5). Trata-se da primeira coisa que Deus disse a Abraão: caminha na minha presença e sê irrepreensível. Caminhar: a nossa vida é um caminho e, quando nos detemos, está errado. Caminhar sempre, na presença do Senhor, à luz do Senhor, procurando viver com aquela irrepreensibilidade que Deus pedia a Abraão, na sua promessa. Edificar. Edificar a Igreja. Fala-se de pedras: as pedras têm consistência; mas pedras vivas, pedras ungidas pelo Espírito Santo. Edificar a Igreja, a Esposa de Cristo, sobre aquela pedra angular que é o próprio Senhor. Aqui temos outro movimento da nossa vida: edificar. Terceiro, confessar. Podemos caminhar o que quisermos, podemos edificar um monte de coisas, mas se não confessarmos Jesus Cristo, está errado. Tornar-nos-emos uma ONG sócio-caritativa, mas não a Igreja, Esposa do Senhor. Quando não se caminha, ficamos parados. Quando não se edifica sobre as pedras, que acontece? Acontece o mesmo que às crianças na praia quando fazem castelos de areia: tudo se desmorona, não tem consistência. Quando não se confessa Jesus Cristo, faz-me pensar nesta frase de Léon Bloy: «Quem não reza ao Senhor, reza ao diabo». Quando não confessa Jesus Cristo, confessa o mundanismo do diabo, o mundanismo do demónio. Caminhar, edificar-construir, confessar. Mas a realidade não é tão fácil, porque às vezes, quando se caminha, constrói ou confessa, sentem-se abalos, há movimentos que não são os movimentos próprios do caminho, mas movimentos que nos puxam para trás. Este Evangelho continua com uma situação especial. O próprio Pedro que confessou Jesus Cristo com estas palavras: Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo, diz-lhe: Eu sigo-Te, mas de Cruz não se fala. Isso não vem a propósito. Sigo-Te com outras possibilidades, sem a Cruz. Quando caminhamos sem a Cruz, edificamos sem a Cruz ou confessamos um Cristo sem Cruz, não somos discípulos do Senhor: somos mundanos, somos bispos, padres, cardeais, papas, mas não discípulos do Senhor. Eu queria que, depois destes dias de graça, todos nós tivéssemos a coragem, sim a coragem, de caminhar na presença do Senhor, com a Cruz do Senhor; de edificar a Igreja sobre o sangue do Senhor, que é derramado na Cruz; e de confessar como nossa única glória Cristo Crucificado. E assim a Igreja vai para diante. Faço votos de que, pela intercessão de Maria, nossa Mãe, o Espírito Santo conceda a todos nós esta graça: caminhar, edificar, confessar Jesus Cristo Crucificado. Assim seja. SALA CLEMENTINA - SEXTA-FEIRA, 15 DE MARÇO DE 2013 ( aos irmãos Cardeais) Este tempo dedicado ao Conclave foi rico de significado não só para o Colégio Cardinalício, mas também para todos os fiéis. Nestes dias, pudemos sentir quase de forma tangível o afeto e a solidariedade da Igreja universal, bem como a atenção de muitas pessoas que, mesmo não compartilhando nossa fé, vêem com respeito e admiração a Igreja e a Santa Sé. De todos os cantos da terra, se elevou, ardente e harmoniosa, a oração do Povo cristão pelo novo Papa, deixando-me comovido o meu primeiro encontro com a multidão reunida na Praça de São Pedro. Com esta sugestiva imagem do povo orante e jubiloso ainda gravada na minha mente, quero expressar a minha sincera gratidão aos Bispos, aos sacerdotes, às pessoas consagradas, aos jovens, às famílias, aos idosos, pela sua solidariedade espiritual tão sentida e fervorosa. Sinto a necessidade de expressar a minha mais viva e profunda gratidão a todos vós, venerados e amados Irmãos Cardeais, pela solícita colaboração na condução da Igreja durante a Sé Vacante. Dirijo uma cordial saudação a cada um, começando pelo Decano do Colégio Cardinalício, o Senhor Cardeal Angelo Sodano, a quem agradeço as expressões de estima e os votos ardentes que me dirigiu em vosso nome. Com ele, agradeço ao Senhor Cardeal Tarcisio Bertone, Camerlengo da Santa Igreja Romana, pelo seu trabalho admirável nesta delicada fase de transição, e também ao caríssimo Cardeal Giovanni Battista Re, que nos guiou durante o Conclave: muito obrigado! O meu pensamento se dirige, com um afeto particular, aos venerados Cardeais que, por causa da idade ou da doença, asseguraram a sua participação e o seu amor à Igreja, por meio da oferta do sofrimento e da oração. E queria dizer-vos que anteontem o Cardeal Mejia teve um enfarte cardíaco: está internado na Clínica Pio XI. Parece que a sua situação de saúde seja estável, e nos mandou a sua saudação. Não posso deixar de agradecer também a todos aqueles que, nas várias incumbências, trabalharam ativamente na preparação e realização do Conclave, favorecendo a segurança e a tranquilidade dos Cardeais neste momento tão importante para a vida da Igreja. Dirijo uma saudação cheia de afeto e profunda gratidão ao meu venerado Predecessor Bento XVI que, durante estes anos de Pontificado, enriqueceu e revigorou a Igreja com o seu magistério, a sua bondade, a sua orientação, a sua fé, a sua humildade e a sua mansidão. Estas continuarão a ser um patrimônio espiritual para todos. O ministério petrino, vivido com dedicação total, teve nele um intérprete sábio e humilde, com os olhos sempre fixos em Cristo, Cristo ressuscitado, presente e vivo na Eucaristia. Não cessarão jamais de o acompanhar a nossa oração fervorosa, a nossa viva lembrança, a nossa imorredoura e afetuosa gratidão. Sentimos que Bento XVI acendeu no fundo dos nossos corações uma chama: esta vai continuar a arder, porque será alimentada pela sua oração, que sustentará a Igreja no seu caminho espiritual e missionário. Amados Irmãos Cardeais, este nosso encontro quer ser uma espécie de prolongamento da intensa comunhão eclesial vivida neste período. Animados por um profundo sentido de responsabilidade e sustentados por um grande amor a Cristo e à Igreja, rezamos juntos, partilhando fraternamente os nossos sentimentos, as nossas experiências e reflexões. Foi neste clima de grande cordialidade que cresceu o conhecimento recíproco e a abertura mútua; e isto é bom, porque nós somos irmãos. Alguém me dizia: os Cardeais são os padres do Santo Padre. Aquela comunhão, aquela amizade, aquela proximidade nos fará bem a todos. E este conhecimento e esta abertura mútua nos facilitaram a docilidade à ação do Espírito Santo. Ele, o Paráclito, é o protagonista supremo de cada iniciativa e manifestação de fé. Isto é um fato curioso que me faz pensar! O Paráclito cria todas as diferenças nas Igrejas, parecendo um apóstolo de Babel. Mas, por outro lado, é Ele que cria a unidade destas diferenças, não na “igualação”, mas na harmonia. Lembro-me de um Padre da Igreja que O definia assim: “Ipse harmonia est”. É o Paráclito quem dá a cada um de nós os diversos carismas, e nos une nesta comunidade da Igreja que adora ao Pai, ao Filho e a Ele, ao Espírito Santo. Partindo justamente do afeto colegial autêntico que une o Colégio Cardinalício, exprimo a minha vontade de servir o Evangelho com renovado amor, ajudando a Igreja a tornar-se, cada vez mais, em Cristo e com Cristo, a videira fecunda do Senhor. Estimulados também pela celebração do Ano da Fé, todos juntos, Pastores e fiéis, nos esforçaremos por responder fielmente à missão de sempre: levar Jesus Cristo ao homem e conduzir o homem para que se encontre com Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida, realmente presente na Igreja e contemporâneo em cada homem. Este encontro leva a nos tornarmos homens novos no mistério da graça, suscitando na alma aquela alegria cristã que constitui o cêntuplo dado por Cristo a quem que O recebe na própria vida. Como o Papa Bento XVI nos lembrou tantas vezes nos seus ensinamentos e, por fim, com o seu gesto corajoso e humilde, é Cristo que guia a Igreja através do seu Espírito. O Espírito Santo é a alma da Igreja, com a sua força vivificadora e unificante: faz de muitos um só corpo, o Corpo místico de Cristo. Não cedamos jamais ao pessimismo, a esta amargura que o diabo nos oferece cada dia; não cedamos ao pessimismo e ao desânimo: tenhamos a firme certeza de que o Espírito Santo dá à Igreja, com o seu sopro poderoso, a coragem de perseverar e também de procurar novos métodos de evangelização, para levar o Evangelho até aos últimos confins da terra (cf. At1,8). A verdade cristã é fascinante e persuasiva, porque responde a uma necessidade profunda da existência humana, anunciando de modo convincente que Cristo é o único Salvador do homem todo e de todos os homens. Este anúncio permanece válido hoje como o foi nos primórdios do cristianismo, quando se realizou a primeira grande expansão missionária do Evangelho. Amados Irmãos, coragem! A metade de nós está em idade avançada: a velhice é – gosto de apresentá-la assim – a sede da sabedoria da vida. Os idosos possuem a sabedoria de ter caminhado na vida, como o velho Simeão, como a idosa Ana no Templo. E justamente aquela sabedoria fez com que eles reconhecessem Jesus. Demos esta sabedoria aos jovens: como o vinho bom, que com os anos torna-se melhor, demos aos jovens a sabedoria da vida. Recordo aquilo que um poeta alemão dizia da velhice: “Es ist ruhig das Alter und fromm”, ou seja, é o tempo da tranqüilidade e da oração; e é também o tempo de dar aos jovens esta sabedoria. Agora retornareis às vossas sedes, para continuardes o vosso ministério, enriquecidos pela experiência destes dias, tão cheios de fé e comunhão eclesial. Esta experiência única e incomparável, permitiu-nos identificar profundamente toda a beleza da realidade eclesial, que é um reflexo do fulgor de Cristo Ressuscitado: um dia contemplaremos aquela face belíssima de Cristo Ressuscitado! À poderosa intercessão de Maria, nossa Mãe, Mãe da Igreja, confio o meu ministério e o vosso. Sob o seu olhar materno, possa cada um de nós caminhar, feliz e dócil, à voz do seu divino Filho, reforçando a unidade, perseverando concordes na oração e testemunhando a fé autêntica na presença contínua do Senhor. Com estes sentimentos – sinto-os de verdade! – com estes sentimentos, concedo de bom grado a Bênção Apostólica, que faço extensiva aos vossos colaboradores e às pessoas confiadas aos vossos cuidados pastorais. 13 DE MARÇO 2013- BÊNÇÃO APOSTÓLICA "URBI ET ORBI": Irmãos e irmãs, boa-noite! Vós sabeis que o dever do Conclave era dar um Bispo a Roma. Parece que os meus irmãos Cardeais tenham ido buscá-lo quase ao fim do mundo… Eis-me aqui! Agradeço-vos o acolhimento: a comunidade diocesana de Roma tem o seu Bispo. Obrigado! E, antes de mais nada, quero fazer uma oração pelo nosso Bispo emérito Bento XVI. Rezemos todos juntos por ele, para que o Senhor o abençoe e Nossa Senhora o guarde. [Recitação do Pai Nosso, Ave Maria e Glória ao Pai] E agora iniciamos este caminho, Bispo e povo... este caminho da Igreja de Roma, que é aquela que preside a todas as Igrejas na caridade. Um caminho de fraternidade, de amor, de confiança entre nós. Rezemos sempre uns pelos outros. Rezemos por todo o mundo, para que haja uma grande fraternidade. Espero que este caminho de Igreja, que hoje começamos e no qual me ajudará o meu Cardeal Vigário, aqui presente, seja frutuoso para a evangelização desta cidade tão bela! E agora quero dar a Bênção, mas antes… antes, peço-vos um favor: antes de o Bispo abençoar o povo, peço-vos que rezeis ao Senhor para que me abençoe a mim; é a oração do povo, pedindo a Bênção para o seu Bispo. Façamos em silêncio esta oração vossa por mim.[…] Agora dar-vos-ei a Bênção, a vós e a todo o mundo, a todos os homens e mulheres de boa vontade. [Bênção] Irmãos e irmãs, tenho de vos deixar. Muito obrigado pelo acolhimento! Rezai por mim e até breve! Ver-nos-emos em breve: amanhã quero ir rezar aos pés de Nossa Senhora, para que guarde Roma inteira. Boa noite e bom descanso! * Nos anos da ditadura argentina desejoso de manter a unidade do movimento jesuíta invadido pela Teologia da Libertação - sob o lema de "manter a não politização da Companhia de Jesus", segundo seu porta-voz Guillermo Marcó. * Como provincial jesuíta, insistiu em um mergulho mais profundo na tradição espiritual de Santo Inácio de Loyola, ordenando que os jesuítas continuassem seu trabalho nas paróquias e atuassem como vigários em vez de se envolverem em “comunidades de base” e ativismo político. *No dia 27 de junho de 2005, o então Arcebispo de Buenos Aires, Cardeal Jorge Mario Bergoglio, exortou aos dirigentes nacionais a resgatar a alma da política, que foi arrebatada pela partidocracia, para torna-la novamente em um serviço a outros. É preciso, afirmou o Cardeal, “redescobrir a política, restituir-lhe a alma que a partidocracia lhe tirou. Não digo os partidos, mas sim a partidocracia, o corporativismo que lhe tira diversidade e lhe faz perder a transcendência aos outros, o serviço à comunidade”. *se opôs em 2010 à aprovação da lei que consagrou o casamento homossexual, a primeira na América Latina, "Não sejamos ingênuos: não se trata de uma simples luta política; é a pretensão destrutiva ao plano de Deus", disse Bergoglio pouco antes da sanção da lei. Também se opôs a uma mais recente lei de identidade de gênero que autorizou travestis e transsexuais a registrar seus dados com o sexo escolhido. * “Vivemos na parte mais desigual do mundo, que tem crescido muito, mas que pouco tem feito para reduzir a miséria”, afirmou ele durante um encontro do episcopado latino-americano em 2007. “A injusta distribuição de renda persiste, criando uma situação de pecado social que clama aos céus e que limita as possibilidades de uma vida plena para muitos de nossos irmãos.” Ao mesmo tempo, ele tende mais a se empenhar pelo crescimento em graça pessoal do que por reformas estruturais. *Convicto opositor do aborto, da união homossexual e da contracepção. *Em 2010 ele afirmou que a adoção de crianças por gays é uma forma de discriminação contra as crianças, o que lhe valeu uma reprimenda pública por parte da presidente argentina Cristina Kirchner. Ao mesmo tempo, ele demonstra sempre profunda compaixão pelas vítimas da aids; em 2001, por exemplo, visitou um sanatório para lavar e beijar os pés de 12 pacientes soropositivos. *Bergoglio também marca pontos por sua apaixonada reposta ao atentado a bomba ocorrido em 1994 no prédio de sete andares que abrigava a Associação Mutual Israelita Argentina, em Buenos Aires. Foi um dos maiores ataques a alvos judeus já registrados na América Latina e, em 2005, o rabino Joseph Ehrenkranz, do Centro para a Compreensão Judaico-Cristã, ligado à Universidade do Sagrado Coração em Fairfield, no estado norte-americano de Connecticut, louvou a liderança de Bergoglio para superar a dor do episódio. “Ele estava muito preocupado com o que havia ocorrido”, disse Ehrenkranz. “Tinha vivido a experiência.” *É também visto como um grande evangelista. “Temos de evitar a doença espiritual de uma Igreja autorreferente”, disse recentemente. “A verdade é que, quando se sai às ruas, como fazem todos os homens e mulheres, acidentes acontecem. No entanto, se a Igreja se fechar em si mesma, se torna ultrapassada. Entre uma Igreja que sofre acidentes lá fora e outra adoecida pela autorreferência, não tenho dúvidas em preferir a primeira.” * Membro da Congregação para o Culto Divino e para disciplina dos Sacramentos * Membro da Congregação para o Clero * Membro da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e para as Sociedades de Vida Apostólica. * Membro do Comitê da Presidência do Pontifício Conselho para a Família *Conselho da Pontifícia Comissão para América Latina... Temos um Papa! Cardeal Jorge Mario Bergoglio, Papa Francisco. É como se Deus nos dissesse: podem fazer especulações, mas quem decide Sou Eu. "Francisco, vai e reconstrói a Minha Igreja!" Este foi o pedido que Deus fez a São Francisco de Assis. Hoje temos outro Francisco para nos ensinar a sermos humildes e obedientes a Deus. Quantos atos de humildade vemos em nossa Igreja, desde a renúncia do Papa Bento XVI expressando sua limitação física ao Papa Francisco que prostra-se diante do povo pedindo oração a seus filhos espirituais. Que maravilha ver o testemunho de uma Igreja servidora. Obrigado Jesus, por presentear-nos com o Papa Francisco como nosso pai visível na fé. E Vos pedimos que possamos nos encontrar cada vez mais convosco na Eucaristia e assim experimentarmos o que nosso Papa Francisco dizia, quando arcebispo de Buenos Aires na Festa de Corpus Christi: “Jesus se faz em pedaços para se dar todo a todos.” Fabio Limeira (Fundador da Comunidade Graça, Misericórdia e Paz) |