Inicialmente sugiro a leitura sobre as orientações pastorais sobre a RCC:
https://www.veritatis.com.br/orientacoes-pastorais-sobre-a-renovacao-carismatica-catolica-rcc/
A exortação para que conheçamos os Dons do Espírito nos foi feita já nas sagradas escrituras:
“1 Sobre os dons do Espírito, irmãos, não quero que vocês fiquem na ignorância.” (I Cor 12)
Nossa espiritualidade é voltada à renovação no Espírito, buscando a intimidade com Jesus. No diário da Santa Maria Faustina Kowalska, “A Misericórdia Divina na minha vida”, ela nos faz refletir sobre a importância da oração íntima nas nossas vidas.
“Nem Graça, nem aparições, nem êxtases, ou qualquer outro dom que seja concedido torna a alma perfeita, mas sim a união íntima com Deus” (D 1107)
Desejamos fazer constantemente a experiência de vida no Espírito Santo, que nos leva a ter um encontro pessoal com Jesus ressuscitado e nos torna pessoas apaixonadas pela Palavra de Deus, alegres e espontâneas ao ponto de poder falar do que experimentamos.
“Oxalá que o que eu experimentei, suceda a ti também.” (At 26,29)
Abertos aos dons do Espírito através de uma oração carismática, vamos buscando sempre a intercessão e os cuidados da Mãe Maria, para que com ela possamos sentir o derramamento do Espírito Santo. Estar aberto aos dons do Espírito é estar aberto à missão. Houve apenas um momento em que os apóstolos se fecharam no cenáculo: na hora do derramamento do Espírito Santo. Porém, logo depois que os apóstolos ficaram cheios do Espírito Santo, o próprio Espírito os impulsionou para fora da sala do cenáculo. Devemos pedir constantemente os Dons do Espírito Santo para edificação da Igreja. O apóstolo Paulo nos diz na primeira carta aos Coríntios:
“Procurem o amor. Entretanto, aspirem aos dons do Espírito, principalmente à profecia.” (I Cor 14, 1)
Só com a experiência do Espírito Santo poderemos fazer o povo ver as obras de Deus e a Igreja apalpar as maravilhas de Deus que acontecem hoje. Precisamos constantemente pedir: Reinflama Senhor! Reinflama o carisma que está em nós. Dá-nos aquela ousadia que destes aquela primeira comunidade cristã.
Vejamos o que o Magistério nos diz sobre os carismas através do Catecismo (CIC 799 a 801):
“799. Extraordinários ou simples e humildes, os carismas são graças do Espírito Santo que, direta ou indiretamente, têm uma utilidade eclesial, ordenados como são para a edificação da Igreja, o bem dos homens e as necessidades do mundo.
800. Os carismas devem ser acolhidos com reconhecimento por aquele que os recebe, mas também por todos os membros da Igreja. De fato, eles são uma maravilhosa riqueza de graças para a vitalidade apostólica e para a santidade de todo o Corpo de Cristo; desde que se trate de dons verdadeiramente procedentes do Espírito Santo e exercidos de modo plenamente conforme aos impulsos autênticos do mesmo Espírito, quer dizer, segundo a caridade, verdadeira medida dos carismas (257) 801. Nesse sentido será sempre necessário o discernimento dos carismas. Nenhum carisma dispensa a referência e a submissão aos pastores da Igreja. «A eles compete, de modo especial, não extinguir o Espírito, mas tudo examinar para reter o que é bom» (258), de modo que todos os carismas, na sua diversidade e complementaridade, cooperem para o «bem comum» (1 Cor 12, 7) (259)".
O termo carisma é vocábulo procedente da raiz grega char e se refere ao objeto e resultado da graça divina (charis): algo que produz bem-estar, um dom outorgado por Deus aos crentes de qualquer ordem ou grau.
Não poderia deixar de citar que o Catecismo da Igreja Católica no número 2003 também faz referência sobre os dons carismáticos que estão a serviço de toda Igreja.
“A graça é antes de tudo e principalmente o dom do Espírito que nos justifica e nos santifica. Mas a graça compreende igualmente os dons que o Espírito nos concede, para nos associar à sua obra, para nos tornar capazes de colaborar com a salvação dos outros e com o crescimento do corpo de Cristo, a Igreja. São as graças sacramentais, dons próprios dos diferentes sacramentos. São, além disso, as graças especiais, chamadas também "carismas", segundo a palavra grega empregada por S. Paulo e que significa favor, dom gratuito, benefício. Seja qual for o seu caráter, às vezes extraordinário, como o dom dos milagres ou das línguas, os carismas se ordenam à graça santificante e têm como meta o bem comum da Igreja. Acham-se a serviço da caridade, que edifica a Igreja.” (CIC 2003)
Já dizia certa vez nosso irmão Roberto Tanus: “A bíblia no contexto para não virar pretexto.” Poderíamos ficar apenas com a palavra de Mateus 6,6: “ entra no teu quarto e ora em segredo.” Esta citação nos remete à importância da oração pessoal. Jesus muitas vezes se retirou para orar. Entretanto, também nos mostra as Sagradas Escrituras a importância do louvor e da oração comunitária com muito ardor, com muito entusiasmo.
“23 Logo que foram postos em liberdade, Pedro e João voltaram para junto dos irmãos e contaram tudo o que os chefes dos sacerdotes e os anciãos haviam dito. 24 Ao ouvir o relato, todos elevaram a voz a Deus, dizendo: «Senhor, tu criaste o céu, a terra, o mar e tudo que existe neles. 25 Por meio do Espírito Santo disseste através do teu servo Davi, nosso pai: ‘Por que se amotinam as nações, e os povos planejam em vão? 26 Os reis da terra se insurgem e os príncipes conspiram unidos contra o Senhor e contra o seu Messias.’ 27 Foi o que aconteceu nesta cidade: Herodes e Pôncio Pilatos se uniram com os pagãos e os povos de Israel contra Jesus, teu santo servo, a quem ungiste, 28 a fim de executarem tudo o que a tua mão e a tua vontade tinham predeterminado que sucedesse. 29 Agora, Senhor, olha as ameaças que fazem e concede que os teus servos anunciem corajosamente a tua palavra. 30 Estende a mão para que se realizem curas, sinais e prodígios por meio do nome do teu santo servo Jesus.31 Quando terminaram a oração, estremeceu o lugar em que estavam reunidos. Todos, então, ficaram cheios do Espírito Santo e, com coragem, anunciavam a palavra de Deus.”(At 4, 23-31)
Quando podemos incentivar o povo a buscar os dons carismáticos? Para responder essa pergunta poderíamos recordar a parábola do bom samaritano (Lc 10, 34). O samaritano derramou vinho sobre as feridas do homem caído na mesma hora; ele não disse: fica quietinho; eu volto daqui a três meses para cuidar de você. Precisamos constantemente incentivar nossos irmãos a aspirarem aos dons do Espírito Santo, pois só assim estaremos em concordância com a Palavra de Deus. Essa é a exortação que Dom Benedict Heron OSB (1921- 2018) faz ao escrever sobre um dos dons carismáticos, o Repouso no Espírito:
“Se alguém pode beneficiar-se dessa maneira, por que simplesmente regozijar-se e não incentivar os outros a viverem essa experiência sempre que possível?” (Repouso no Espírito, 1976)
Uma das maneiras de experimentar a oração carismática é através de um CICLO CARISMÁTICO que pode ter alguns passos:
1º ) Oração em vernáculo: Louvar a Deus por aquilo que Ele é, fez e faz em nossas vidas ou pelo chamamento do Espírito Santo - que é manso e fiel - para que venha ser o organizador (Gn1,2) protetor de nossas vidas, para que venha nos ungir, capacitar, amolecer o nosso coração de pedra (Ez 11,29; 36,26). Esse tipo de oração nos faz cada vez mais íntimos de Deus.
“À meia noite, Paulo e Silas estavam rezando e cantando hinos a Deus; os outros companheiros de prisão escutavam. De repente, houve um terremoto tão violento que sacudiu os alicerces da prisão. Todas as portas se abriram e as correntes de todos se soltaram.”(At 16, 25-26)
"Orarei com o Espírito, mas orarei também com o entendimento, cantarei com o Espírito, mas cantarei com o entendimento". (I Cor 14, 15)
2º) Oração em línguas: Somos nós que damos o combustível e movemos as cordas vocais, movemos a boca e o Espírito Santo ora em nós. É Ele quem dá o conteúdo. Precisamos fazer como Pedro, que para ir ao encontro de Jesus deu o primeiro passo e saiu da barca. Nós temos que dar o nosso primeiro passo: soltar o som é a nossa parte.
Eu preciso deste dom, pois se Paulo como grande pregador que era pronunciou que por ser fraco é que o Espírito Santo vinha em seu socorro, o quanto eu preciso muito mais.
“Do mesmo modo, também o Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza, pois nem sabemos o que convém pedir; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis. 27 E aquele que sonda os corações sabe quais são os desejos do Espírito, pois o Espírito intercede pelos cristãos de acordo com a vontade de Deus.” (Rm 8, 26-27)
"Gemidos inefáveis" - com essa expressão Paulo aos Romanos discorre sobre esse maravilhoso dom. E com o mesmo sentido, muito mais tarde, dirá outro Paulo, o Karol Wojtyla, em seu livro "Cruzando o Limiar da Esperança", em resposta à pergunta do jornalista e escritor: como reza o Papa?
"Você faz uma pergunta sobre a oração, você quer saber como o Papa reza. E eu lhe agradeço. Talvez convenha tomar como ponto de partida aquilo que São Paulo escreve na sua Carta aos Romanos (...) “O Espírito vem em auxílio de nossa fraqueza, porque não sabemos pedir o que nos convém. O próprio Espírito é que intercede por nós com gemidos inefáveis”. (Rm 8,26). O que vem a ser a oração? (...) De vários modos se pode e se deve rezar, como nos ensina com ricos exemplos a Bíblia. O livro dos Salmos é insubstituível. É preciso rezar com gemidos inefáveis”, para entrar no ritmo das súplicas do próprio Espírito(...)
Através do Diário da Santa Faustina também somos exortados a essa prática:
“...toda a vez que acordares reza em Espírito. Em Espírito sempre se pode perseverar na oração.” (D 325)
Mais adiante traremos outras citações de experiências de grandes santos da Igreja como São Francisco de Assis, Santa Teresa D'avila e Santo Inácio de Loyola.
3º) Escuta e Louvor
A escuta da Palavra de Deus é o momento mais eficaz de formação permanente. É necessário escutar e para escutar precisamos de momentos de silêncio como bem nos ensina Santa Faustina no Diário a Divina Misericórdia na minha alma:
“...a religiosa que não sabe calar-se nunca atingirá a santidade, ou seja, jamais será santa. Que não se iluda - a não ser que através dela esteja falando o Espírito de Deus; neste caso, não é permitido calar-se. Mas, para ouvir a voz de Deus, é preciso ter o silêncio da alma e calar-se, não com o silêncio sombrio, mas com o silêncio na alma, isto é, com recolhimento em Deus. Pode-se falar muito e não interromper o silêncio, e ao contrário pode-se falar pouco e sempre romper o silêncio. Oh! Que dano irreparável implica a inobservância do silêncio! Faz-se um grande mal ao próximo, porém ainda maior à própria alma.”(118)
É só através da escuta que poderemos experimentar os dons carismáticos em nossa vida. Os dons vêm do Espírito Santo para esclarecer, trabalhar, fazer bem ao próximo, para sermos santificados para Deus...
Os Dons que quero citar aqui são os dons carismáticos ou efusos, que são dons para o trabalho. Os carismas são chamados também de "dons carismáticos" ; não confundir com os chamados "dons de santificação" (dons infusos), que são os 7 dons que todos recebemos no Batismo.
Procuro apresentar abaixo estes dons sem redigir uma lista completa, sobretudo porque “a abundância e riqueza desses dons não permitem redução a sistema ou a uma regra” como bem nos apresenta o Dicionário Teológico da Vida Consagrada. E como também podemos constatar através do apóstolo Paulo que apresenta quatro listas de carismas sem ser exaustivo e concordante(1Cor 2 12-13; 1 Cor 12, 27-31 ; Rm 12, 6-8; Ef 4-11)
Dons de revelação:
Palavra de ciência (diagnóstico que Deus nos faz)
8 A um, o Espírito dá a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de ciência segundo o mesmo Espírito. (I Cor 12, 8)
Vejamos alguns exemplos práticos de como Deus apresenta este diagnóstico:
"A mulher disse a Jesus: «Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem precise vir aqui para tirar.»Jesus disse à samaritana: «Vá chamar o seu marido e volte aqui.» A mulher respondeu: «Eu não tenho marido.» Jesus disse: «Você tem razão ao dizer que não tem marido. De fato, você teve cinco maridos. E o homem que você tem agora, não é seu marido. Nisso você falou a verdade.» A mulher então disse a Jesus: «Senhor, vejo que és profeta! Os nossos pais adoraram a Deus nesta montanha. E vocês judeus dizem que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.»(Jo 4, 15-20)
Ou ainda:
“Jesus viu Natanael aproximar-se e comentou: «Eis aí um israelita verdadeiro, sem falsidade.» 48 Natanael perguntou: «De onde me conheces?» Jesus respondeu: «Antes que Filipe chamasse você, eu o vi quando você estava debaixo da figueira.» Natanael respondeu: «Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel!» Jesus disse: «Você está acreditando só porque eu lhe disse: ‘Vi você debaixo da figueira’? No entanto, você verá coisas maiores do que essas.» E Jesus continuou: «Eu lhes garanto: vocês verão o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.»(Jo 1, 47-51)
Existem outros exemplos, como Dialogo de Pedro a Ananias narrado em Atos dos Apóstolos, capítulo 5, versículo de 1 a 11, mas creio que mais este em que Jesus anuncia a morte de Lazaro já nos seja esclarecedor.
“Disse isso e acrescentou: «O nosso amigo Lázaro adormeceu. Eu vou acordá-lo.» Os discípulos disseram: «Senhor, se ele está dormindo, vai se salvar.» 13 Jesus se referia à morte de Lázaro, mas os discípulos pensaram que ele estivesse falando de sono natural.14 Então Jesus falou claramente para eles: «Lázaro está morto. 15 E eu me alegro por não termos estado lá, para que vocês acreditem. Agora, vamos para a casa dele.» (Jo 11, 11-15)
Palavras de Sabedoria: (Deus nos mostra como agir) Com este dom carismático podemos ver com os olhos de Deus. Ver até as tribulações com os olhos de Deus e assim na seremos enganados. Com este dom podemos ver a beleza das coisas, a beleza que existe em cada um de nós. A chave para este dom é o amor de Deus. Para te-lo é necessário desejar viver e agir pela vontade de Deus. Peçamos com fé o Dom das Palavras de Sabedoria como bem nos exorta Tiago:
"Se alguém de vocês tem falta de sabedoria, que peça a Deus, e ele a dará, porque é generoso e dá sem impor condições. Todavia é preciso pedir com fé, sem duvidar, porque aquele que duvida é como a onda do mar, que o vento leva de um lado para outro. Quem é assim, não pense que vai receber alguma coisa do Senhor, pois é indeciso e instável em tudo o que faz. (Tg1, 5-8)
Discernimento dos espíritos: Este dom protege todos os outros dons. É importante para discernir se uma profecia vem de Deus (quando gera conversão e frutos do Espírito Santo), ou do homem (não gera frutos de conversão, pois o que vem de nós mesmos não é capaz de nos transformar), ou ainda se é uma falsa profecia ( aquela que vem do inimigo, que gera confusão e perturbação)
“2 Não se amoldem às estruturas deste mundo, mas transformem-se pela renovação da mente, a fim de distinguir qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que é agradável a ele, o que é perfeito.”(Rm 12,2)
Este é “o dom dos dons para os tempos de hoje”; serve para separar, diferenciar, escolher entre o mundo, o inimigo ou Deus. Devemos cuidar o fanatismo. Não podemos “demonizar” tudo, pois tem coisas que são do mundo. Quem tem o Dom do Discernimento dos espíritos é capaz de perceber e identificar em pessoas e ambientes o que é de Deus, do humano ou do maligno. Este dom carismático aprimora o dom natural (bom-senso). Nos dá sensibilidade mais apurada e deve estar em concordância com o discernimento doutrinário (não ser a favor da doutrina da morte, mas sim da vida seguindo a doutrina da santa e amada Igreja). Este Dom nos faz, pouco a pouco ter o Jeito de Cristo pensar.
Dons Inspiracionais:
Dom de Línguas: Surge com a própria Igreja (At 2,4). A oração em línguas é um sinal de Deus.
“17 Os sinais que acompanharão aqueles que acreditarem são estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas.” (Mc 16, 17)
Santa Teresa de Jesus se expressa da seguinte forma em "Castelo Interior ou Moradas":
(cap. 6, num.10)
"Por entre estas coisas, ao mesmo tempo penosas e saborosas, algumas vezes Nosso Senhor dá a alma uns júbilos e uma oração tão estranha que ela mesma não sabe o que é. Se receberdes esta graça, louvai muito a Deus e sabei em que consiste. Para isso o explico aqui. Trata-se, a meu parecer, de uma união grande das faculdades e também dos sentidos. Deixa-lhe Nosso Senhor plena liberdade para se regozijarem neste deleite, sem entender que felicidade é esta, nem como a experimentam.
Parece incompreensível o que digo. Mas é certo que assim acontece. É uma felicidade tão excessiva da alma, que não quisera saboreá-la sozinha. Quisera dize-lo a todos, para que a ajudem a louvar Nosso Senhor. São essas as suas ânsias. Quantas festas faria e, se pudesse, quantas demonstrações para manifestar a todos o seu júbilo! É como tivesse achado a si mesma.”
Nos Escritos de Completos de São Francisco encontramos assim (Florecillas de San Francisco, parte primeira, capítulo 31, em "Escritos Completos de San Francisco de Asis", BAC, Madri 1949, p. 156):
“Muitas vezes, quando Francisco orava, fazia um ruído semelhante ao arrolho de uma pomba, repetindo: Uh,uh,uh, e ficava assim em contemplação, expressando a alegria de seu coração, com o rosto cheio de gozo".
Sobre Santo Domingos de Guzman encontramos (Tugwell, Simon, op., Orando Juntos, el Pentecostalismo Católico, Ed. Paulinas, Buenos Aires, 1976, p. 10):
"Em certa ocasião recordavam havê-lo ouvido falar em línguas, quando escutaram rezar em voz alta e todos viram de que forma orava...ainda que, curiosamente, não se pudesse recordar de nada do que havia orado."
Diz o Padre Victoriano de Larrañaga em sua introdução ao "Diário Espiritual" de santo Inácio de Loyola, acerca da oração do santo, descrita por ele mesmo como "admirável, dado por Deus, dom concedido divinamente, dom interno e externo que, lhe chegava com lágrimas e produzia gosto nele e harmonia interior, parecendo, às vezes, músicas e "distúrbio de sibilar" (Loyola, San Ignácio de - Diário Espiritual, Obras Completas)
Diz Santo Inácio de Loyola (idem ao anterior):
"Cremos que nos encontramos diante de um carisma de caráter desconhecido; são palavras misteriosas que soam como música do céu. Impressiona este seu aspecto musical, são deleitosos de se ouvir e estas harmonias, que soam como uma orquestra e não são, sem dúvida, o objeto da mesma graça."
Porque vejo os frutos deste dom na Igreja faço também minha as palavras de Paulo:
“Eu desejo que vocês todos falem em línguas...” (1 Cor 14, 5a)
Dom da Interpretação (do dom de línguas ou de visualizações)
“Por isso, aquele que fala em línguas deve rezar para que ele mesmo possa interpretá-las.” (1 Cor 14, 13)
Dom da Profecia: Não devemos desprezar este dom como podemos ler das Sagradas Escrituras (I Ts 5, 20-21). O dom de profecia serve para exortar, edificar e consolar.
“31 Vocês todos podem profetizar, mas um por vez, para que todos sejam instruídos e encorajados... 39 Portanto, irmãos, aspirem ao dom da profecia e não impeçam que alguém fale em línguas. 40 Mas, que tudo seja feito de modo conveniente e com ordem. (I Cor 14, 31. 39- 40
A profecia é uma orientação de Deus a nós, uma unção interior que não vem para cada um da mesma forma.
As profecias podem ser humanas, falsas (são contrária a palavra e causam mal estar) e verdadeiras (quando são confirmadas e podem ser reconhecidas pelos frutos)
“22 Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, 23 mansidão e domínio de si. Contra essas coisas não existe lei.” (Gl 5, 22-23)
“5 Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem fica unido a mim, e eu a ele, dará muito fruto, porque sem mim vocês não podem fazer nada.” (Jo 15,5)
Temos ainda os Dons de Poder:
Cura: pode ser física, interior (cura de rejeição), ou espiritual (cura de pecado)
“E os enviou a pregar o Reino de Deus e a curar”. (Lc 9,2)
Quais são os motivos que impedem a cura?
1) falta de fé (procuram cura como tal sem um interesse em melhorar sua vida espiritual, em participar dos sacramentos... Buscam cura na igreja, nos grupos de oração tanto quanto no espiritismo, curandeirismo...)
2) falta de perdão,
3) pecado e
4) erro de diagnóstico (rezar pela cura física quando precisa de cura interior; pedir libertação se antes é necessário cura interior, rezar pela cura interior, quando a verdadeira necessidade é libertação ou rezar pela cura interior quando perdão dos pecados era imprescindível.
Milagres: cura instantânea
“Aquele que dá a vocês o Espírito e realiza milagres entre vocês, será que ele o faz por causa da observância da Lei, ou é porque vocês ouviram a mensagem da fé?” (Gl 3,5)
Fé: pessoa ungida por confiar em Deus. Essa confiança é tão especial que nos faz agir, nos leva a rezar com confiança. Precisamos exercitar a fé, crescer na fé, progredir na fé. Existe a fé teologal (ajuda a acreditar nas verdades reveladas), fé- virtude (nos mantém fiéis a Deus, fé- fidelidade) e carismática (certeza a respeito daquilo que não vemos). Para ter fé precisamos pedir a Deus.
Peçamos ao Senhor: Da-me fé! Peço a efusão do Espírito Santo sobre mim e sobre os meus irmãos.
E para que esta efusão do Espírito aconteça em nossas vidas precisamos nos esvaziar de tudo o que nos impede a estarmos cheios do Espírito Santo.
Peça muito, deseje muito o Espírito Santo.
Que Deus te abençoe e te dê a paz!
Fabio Limeira
(Fundador da Comunidade Graça, Misericórdia e Paz)
https://www.veritatis.com.br/orientacoes-pastorais-sobre-a-renovacao-carismatica-catolica-rcc/
A exortação para que conheçamos os Dons do Espírito nos foi feita já nas sagradas escrituras:
“1 Sobre os dons do Espírito, irmãos, não quero que vocês fiquem na ignorância.” (I Cor 12)
Nossa espiritualidade é voltada à renovação no Espírito, buscando a intimidade com Jesus. No diário da Santa Maria Faustina Kowalska, “A Misericórdia Divina na minha vida”, ela nos faz refletir sobre a importância da oração íntima nas nossas vidas.
“Nem Graça, nem aparições, nem êxtases, ou qualquer outro dom que seja concedido torna a alma perfeita, mas sim a união íntima com Deus” (D 1107)
Desejamos fazer constantemente a experiência de vida no Espírito Santo, que nos leva a ter um encontro pessoal com Jesus ressuscitado e nos torna pessoas apaixonadas pela Palavra de Deus, alegres e espontâneas ao ponto de poder falar do que experimentamos.
“Oxalá que o que eu experimentei, suceda a ti também.” (At 26,29)
Abertos aos dons do Espírito através de uma oração carismática, vamos buscando sempre a intercessão e os cuidados da Mãe Maria, para que com ela possamos sentir o derramamento do Espírito Santo. Estar aberto aos dons do Espírito é estar aberto à missão. Houve apenas um momento em que os apóstolos se fecharam no cenáculo: na hora do derramamento do Espírito Santo. Porém, logo depois que os apóstolos ficaram cheios do Espírito Santo, o próprio Espírito os impulsionou para fora da sala do cenáculo. Devemos pedir constantemente os Dons do Espírito Santo para edificação da Igreja. O apóstolo Paulo nos diz na primeira carta aos Coríntios:
“Procurem o amor. Entretanto, aspirem aos dons do Espírito, principalmente à profecia.” (I Cor 14, 1)
Só com a experiência do Espírito Santo poderemos fazer o povo ver as obras de Deus e a Igreja apalpar as maravilhas de Deus que acontecem hoje. Precisamos constantemente pedir: Reinflama Senhor! Reinflama o carisma que está em nós. Dá-nos aquela ousadia que destes aquela primeira comunidade cristã.
Vejamos o que o Magistério nos diz sobre os carismas através do Catecismo (CIC 799 a 801):
“799. Extraordinários ou simples e humildes, os carismas são graças do Espírito Santo que, direta ou indiretamente, têm uma utilidade eclesial, ordenados como são para a edificação da Igreja, o bem dos homens e as necessidades do mundo.
800. Os carismas devem ser acolhidos com reconhecimento por aquele que os recebe, mas também por todos os membros da Igreja. De fato, eles são uma maravilhosa riqueza de graças para a vitalidade apostólica e para a santidade de todo o Corpo de Cristo; desde que se trate de dons verdadeiramente procedentes do Espírito Santo e exercidos de modo plenamente conforme aos impulsos autênticos do mesmo Espírito, quer dizer, segundo a caridade, verdadeira medida dos carismas (257) 801. Nesse sentido será sempre necessário o discernimento dos carismas. Nenhum carisma dispensa a referência e a submissão aos pastores da Igreja. «A eles compete, de modo especial, não extinguir o Espírito, mas tudo examinar para reter o que é bom» (258), de modo que todos os carismas, na sua diversidade e complementaridade, cooperem para o «bem comum» (1 Cor 12, 7) (259)".
O termo carisma é vocábulo procedente da raiz grega char e se refere ao objeto e resultado da graça divina (charis): algo que produz bem-estar, um dom outorgado por Deus aos crentes de qualquer ordem ou grau.
Não poderia deixar de citar que o Catecismo da Igreja Católica no número 2003 também faz referência sobre os dons carismáticos que estão a serviço de toda Igreja.
“A graça é antes de tudo e principalmente o dom do Espírito que nos justifica e nos santifica. Mas a graça compreende igualmente os dons que o Espírito nos concede, para nos associar à sua obra, para nos tornar capazes de colaborar com a salvação dos outros e com o crescimento do corpo de Cristo, a Igreja. São as graças sacramentais, dons próprios dos diferentes sacramentos. São, além disso, as graças especiais, chamadas também "carismas", segundo a palavra grega empregada por S. Paulo e que significa favor, dom gratuito, benefício. Seja qual for o seu caráter, às vezes extraordinário, como o dom dos milagres ou das línguas, os carismas se ordenam à graça santificante e têm como meta o bem comum da Igreja. Acham-se a serviço da caridade, que edifica a Igreja.” (CIC 2003)
Já dizia certa vez nosso irmão Roberto Tanus: “A bíblia no contexto para não virar pretexto.” Poderíamos ficar apenas com a palavra de Mateus 6,6: “ entra no teu quarto e ora em segredo.” Esta citação nos remete à importância da oração pessoal. Jesus muitas vezes se retirou para orar. Entretanto, também nos mostra as Sagradas Escrituras a importância do louvor e da oração comunitária com muito ardor, com muito entusiasmo.
“23 Logo que foram postos em liberdade, Pedro e João voltaram para junto dos irmãos e contaram tudo o que os chefes dos sacerdotes e os anciãos haviam dito. 24 Ao ouvir o relato, todos elevaram a voz a Deus, dizendo: «Senhor, tu criaste o céu, a terra, o mar e tudo que existe neles. 25 Por meio do Espírito Santo disseste através do teu servo Davi, nosso pai: ‘Por que se amotinam as nações, e os povos planejam em vão? 26 Os reis da terra se insurgem e os príncipes conspiram unidos contra o Senhor e contra o seu Messias.’ 27 Foi o que aconteceu nesta cidade: Herodes e Pôncio Pilatos se uniram com os pagãos e os povos de Israel contra Jesus, teu santo servo, a quem ungiste, 28 a fim de executarem tudo o que a tua mão e a tua vontade tinham predeterminado que sucedesse. 29 Agora, Senhor, olha as ameaças que fazem e concede que os teus servos anunciem corajosamente a tua palavra. 30 Estende a mão para que se realizem curas, sinais e prodígios por meio do nome do teu santo servo Jesus.31 Quando terminaram a oração, estremeceu o lugar em que estavam reunidos. Todos, então, ficaram cheios do Espírito Santo e, com coragem, anunciavam a palavra de Deus.”(At 4, 23-31)
Quando podemos incentivar o povo a buscar os dons carismáticos? Para responder essa pergunta poderíamos recordar a parábola do bom samaritano (Lc 10, 34). O samaritano derramou vinho sobre as feridas do homem caído na mesma hora; ele não disse: fica quietinho; eu volto daqui a três meses para cuidar de você. Precisamos constantemente incentivar nossos irmãos a aspirarem aos dons do Espírito Santo, pois só assim estaremos em concordância com a Palavra de Deus. Essa é a exortação que Dom Benedict Heron OSB (1921- 2018) faz ao escrever sobre um dos dons carismáticos, o Repouso no Espírito:
“Se alguém pode beneficiar-se dessa maneira, por que simplesmente regozijar-se e não incentivar os outros a viverem essa experiência sempre que possível?” (Repouso no Espírito, 1976)
Uma das maneiras de experimentar a oração carismática é através de um CICLO CARISMÁTICO que pode ter alguns passos:
1º ) Oração em vernáculo: Louvar a Deus por aquilo que Ele é, fez e faz em nossas vidas ou pelo chamamento do Espírito Santo - que é manso e fiel - para que venha ser o organizador (Gn1,2) protetor de nossas vidas, para que venha nos ungir, capacitar, amolecer o nosso coração de pedra (Ez 11,29; 36,26). Esse tipo de oração nos faz cada vez mais íntimos de Deus.
“À meia noite, Paulo e Silas estavam rezando e cantando hinos a Deus; os outros companheiros de prisão escutavam. De repente, houve um terremoto tão violento que sacudiu os alicerces da prisão. Todas as portas se abriram e as correntes de todos se soltaram.”(At 16, 25-26)
"Orarei com o Espírito, mas orarei também com o entendimento, cantarei com o Espírito, mas cantarei com o entendimento". (I Cor 14, 15)
2º) Oração em línguas: Somos nós que damos o combustível e movemos as cordas vocais, movemos a boca e o Espírito Santo ora em nós. É Ele quem dá o conteúdo. Precisamos fazer como Pedro, que para ir ao encontro de Jesus deu o primeiro passo e saiu da barca. Nós temos que dar o nosso primeiro passo: soltar o som é a nossa parte.
Eu preciso deste dom, pois se Paulo como grande pregador que era pronunciou que por ser fraco é que o Espírito Santo vinha em seu socorro, o quanto eu preciso muito mais.
“Do mesmo modo, também o Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza, pois nem sabemos o que convém pedir; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis. 27 E aquele que sonda os corações sabe quais são os desejos do Espírito, pois o Espírito intercede pelos cristãos de acordo com a vontade de Deus.” (Rm 8, 26-27)
"Gemidos inefáveis" - com essa expressão Paulo aos Romanos discorre sobre esse maravilhoso dom. E com o mesmo sentido, muito mais tarde, dirá outro Paulo, o Karol Wojtyla, em seu livro "Cruzando o Limiar da Esperança", em resposta à pergunta do jornalista e escritor: como reza o Papa?
"Você faz uma pergunta sobre a oração, você quer saber como o Papa reza. E eu lhe agradeço. Talvez convenha tomar como ponto de partida aquilo que São Paulo escreve na sua Carta aos Romanos (...) “O Espírito vem em auxílio de nossa fraqueza, porque não sabemos pedir o que nos convém. O próprio Espírito é que intercede por nós com gemidos inefáveis”. (Rm 8,26). O que vem a ser a oração? (...) De vários modos se pode e se deve rezar, como nos ensina com ricos exemplos a Bíblia. O livro dos Salmos é insubstituível. É preciso rezar com gemidos inefáveis”, para entrar no ritmo das súplicas do próprio Espírito(...)
Através do Diário da Santa Faustina também somos exortados a essa prática:
“...toda a vez que acordares reza em Espírito. Em Espírito sempre se pode perseverar na oração.” (D 325)
Mais adiante traremos outras citações de experiências de grandes santos da Igreja como São Francisco de Assis, Santa Teresa D'avila e Santo Inácio de Loyola.
3º) Escuta e Louvor
A escuta da Palavra de Deus é o momento mais eficaz de formação permanente. É necessário escutar e para escutar precisamos de momentos de silêncio como bem nos ensina Santa Faustina no Diário a Divina Misericórdia na minha alma:
“...a religiosa que não sabe calar-se nunca atingirá a santidade, ou seja, jamais será santa. Que não se iluda - a não ser que através dela esteja falando o Espírito de Deus; neste caso, não é permitido calar-se. Mas, para ouvir a voz de Deus, é preciso ter o silêncio da alma e calar-se, não com o silêncio sombrio, mas com o silêncio na alma, isto é, com recolhimento em Deus. Pode-se falar muito e não interromper o silêncio, e ao contrário pode-se falar pouco e sempre romper o silêncio. Oh! Que dano irreparável implica a inobservância do silêncio! Faz-se um grande mal ao próximo, porém ainda maior à própria alma.”(118)
É só através da escuta que poderemos experimentar os dons carismáticos em nossa vida. Os dons vêm do Espírito Santo para esclarecer, trabalhar, fazer bem ao próximo, para sermos santificados para Deus...
Os Dons que quero citar aqui são os dons carismáticos ou efusos, que são dons para o trabalho. Os carismas são chamados também de "dons carismáticos" ; não confundir com os chamados "dons de santificação" (dons infusos), que são os 7 dons que todos recebemos no Batismo.
Procuro apresentar abaixo estes dons sem redigir uma lista completa, sobretudo porque “a abundância e riqueza desses dons não permitem redução a sistema ou a uma regra” como bem nos apresenta o Dicionário Teológico da Vida Consagrada. E como também podemos constatar através do apóstolo Paulo que apresenta quatro listas de carismas sem ser exaustivo e concordante(1Cor 2 12-13; 1 Cor 12, 27-31 ; Rm 12, 6-8; Ef 4-11)
Dons de revelação:
Palavra de ciência (diagnóstico que Deus nos faz)
8 A um, o Espírito dá a palavra de sabedoria; a outro, a palavra de ciência segundo o mesmo Espírito. (I Cor 12, 8)
Vejamos alguns exemplos práticos de como Deus apresenta este diagnóstico:
"A mulher disse a Jesus: «Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem precise vir aqui para tirar.»Jesus disse à samaritana: «Vá chamar o seu marido e volte aqui.» A mulher respondeu: «Eu não tenho marido.» Jesus disse: «Você tem razão ao dizer que não tem marido. De fato, você teve cinco maridos. E o homem que você tem agora, não é seu marido. Nisso você falou a verdade.» A mulher então disse a Jesus: «Senhor, vejo que és profeta! Os nossos pais adoraram a Deus nesta montanha. E vocês judeus dizem que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.»(Jo 4, 15-20)
Ou ainda:
“Jesus viu Natanael aproximar-se e comentou: «Eis aí um israelita verdadeiro, sem falsidade.» 48 Natanael perguntou: «De onde me conheces?» Jesus respondeu: «Antes que Filipe chamasse você, eu o vi quando você estava debaixo da figueira.» Natanael respondeu: «Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel!» Jesus disse: «Você está acreditando só porque eu lhe disse: ‘Vi você debaixo da figueira’? No entanto, você verá coisas maiores do que essas.» E Jesus continuou: «Eu lhes garanto: vocês verão o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem.»(Jo 1, 47-51)
Existem outros exemplos, como Dialogo de Pedro a Ananias narrado em Atos dos Apóstolos, capítulo 5, versículo de 1 a 11, mas creio que mais este em que Jesus anuncia a morte de Lazaro já nos seja esclarecedor.
“Disse isso e acrescentou: «O nosso amigo Lázaro adormeceu. Eu vou acordá-lo.» Os discípulos disseram: «Senhor, se ele está dormindo, vai se salvar.» 13 Jesus se referia à morte de Lázaro, mas os discípulos pensaram que ele estivesse falando de sono natural.14 Então Jesus falou claramente para eles: «Lázaro está morto. 15 E eu me alegro por não termos estado lá, para que vocês acreditem. Agora, vamos para a casa dele.» (Jo 11, 11-15)
Palavras de Sabedoria: (Deus nos mostra como agir) Com este dom carismático podemos ver com os olhos de Deus. Ver até as tribulações com os olhos de Deus e assim na seremos enganados. Com este dom podemos ver a beleza das coisas, a beleza que existe em cada um de nós. A chave para este dom é o amor de Deus. Para te-lo é necessário desejar viver e agir pela vontade de Deus. Peçamos com fé o Dom das Palavras de Sabedoria como bem nos exorta Tiago:
"Se alguém de vocês tem falta de sabedoria, que peça a Deus, e ele a dará, porque é generoso e dá sem impor condições. Todavia é preciso pedir com fé, sem duvidar, porque aquele que duvida é como a onda do mar, que o vento leva de um lado para outro. Quem é assim, não pense que vai receber alguma coisa do Senhor, pois é indeciso e instável em tudo o que faz. (Tg1, 5-8)
Discernimento dos espíritos: Este dom protege todos os outros dons. É importante para discernir se uma profecia vem de Deus (quando gera conversão e frutos do Espírito Santo), ou do homem (não gera frutos de conversão, pois o que vem de nós mesmos não é capaz de nos transformar), ou ainda se é uma falsa profecia ( aquela que vem do inimigo, que gera confusão e perturbação)
“2 Não se amoldem às estruturas deste mundo, mas transformem-se pela renovação da mente, a fim de distinguir qual é a vontade de Deus: o que é bom, o que é agradável a ele, o que é perfeito.”(Rm 12,2)
Este é “o dom dos dons para os tempos de hoje”; serve para separar, diferenciar, escolher entre o mundo, o inimigo ou Deus. Devemos cuidar o fanatismo. Não podemos “demonizar” tudo, pois tem coisas que são do mundo. Quem tem o Dom do Discernimento dos espíritos é capaz de perceber e identificar em pessoas e ambientes o que é de Deus, do humano ou do maligno. Este dom carismático aprimora o dom natural (bom-senso). Nos dá sensibilidade mais apurada e deve estar em concordância com o discernimento doutrinário (não ser a favor da doutrina da morte, mas sim da vida seguindo a doutrina da santa e amada Igreja). Este Dom nos faz, pouco a pouco ter o Jeito de Cristo pensar.
Dons Inspiracionais:
Dom de Línguas: Surge com a própria Igreja (At 2,4). A oração em línguas é um sinal de Deus.
“17 Os sinais que acompanharão aqueles que acreditarem são estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas.” (Mc 16, 17)
Santa Teresa de Jesus se expressa da seguinte forma em "Castelo Interior ou Moradas":
(cap. 6, num.10)
"Por entre estas coisas, ao mesmo tempo penosas e saborosas, algumas vezes Nosso Senhor dá a alma uns júbilos e uma oração tão estranha que ela mesma não sabe o que é. Se receberdes esta graça, louvai muito a Deus e sabei em que consiste. Para isso o explico aqui. Trata-se, a meu parecer, de uma união grande das faculdades e também dos sentidos. Deixa-lhe Nosso Senhor plena liberdade para se regozijarem neste deleite, sem entender que felicidade é esta, nem como a experimentam.
Parece incompreensível o que digo. Mas é certo que assim acontece. É uma felicidade tão excessiva da alma, que não quisera saboreá-la sozinha. Quisera dize-lo a todos, para que a ajudem a louvar Nosso Senhor. São essas as suas ânsias. Quantas festas faria e, se pudesse, quantas demonstrações para manifestar a todos o seu júbilo! É como tivesse achado a si mesma.”
Nos Escritos de Completos de São Francisco encontramos assim (Florecillas de San Francisco, parte primeira, capítulo 31, em "Escritos Completos de San Francisco de Asis", BAC, Madri 1949, p. 156):
“Muitas vezes, quando Francisco orava, fazia um ruído semelhante ao arrolho de uma pomba, repetindo: Uh,uh,uh, e ficava assim em contemplação, expressando a alegria de seu coração, com o rosto cheio de gozo".
Sobre Santo Domingos de Guzman encontramos (Tugwell, Simon, op., Orando Juntos, el Pentecostalismo Católico, Ed. Paulinas, Buenos Aires, 1976, p. 10):
"Em certa ocasião recordavam havê-lo ouvido falar em línguas, quando escutaram rezar em voz alta e todos viram de que forma orava...ainda que, curiosamente, não se pudesse recordar de nada do que havia orado."
Diz o Padre Victoriano de Larrañaga em sua introdução ao "Diário Espiritual" de santo Inácio de Loyola, acerca da oração do santo, descrita por ele mesmo como "admirável, dado por Deus, dom concedido divinamente, dom interno e externo que, lhe chegava com lágrimas e produzia gosto nele e harmonia interior, parecendo, às vezes, músicas e "distúrbio de sibilar" (Loyola, San Ignácio de - Diário Espiritual, Obras Completas)
Diz Santo Inácio de Loyola (idem ao anterior):
"Cremos que nos encontramos diante de um carisma de caráter desconhecido; são palavras misteriosas que soam como música do céu. Impressiona este seu aspecto musical, são deleitosos de se ouvir e estas harmonias, que soam como uma orquestra e não são, sem dúvida, o objeto da mesma graça."
Porque vejo os frutos deste dom na Igreja faço também minha as palavras de Paulo:
“Eu desejo que vocês todos falem em línguas...” (1 Cor 14, 5a)
Dom da Interpretação (do dom de línguas ou de visualizações)
“Por isso, aquele que fala em línguas deve rezar para que ele mesmo possa interpretá-las.” (1 Cor 14, 13)
Dom da Profecia: Não devemos desprezar este dom como podemos ler das Sagradas Escrituras (I Ts 5, 20-21). O dom de profecia serve para exortar, edificar e consolar.
“31 Vocês todos podem profetizar, mas um por vez, para que todos sejam instruídos e encorajados... 39 Portanto, irmãos, aspirem ao dom da profecia e não impeçam que alguém fale em línguas. 40 Mas, que tudo seja feito de modo conveniente e com ordem. (I Cor 14, 31. 39- 40
A profecia é uma orientação de Deus a nós, uma unção interior que não vem para cada um da mesma forma.
As profecias podem ser humanas, falsas (são contrária a palavra e causam mal estar) e verdadeiras (quando são confirmadas e podem ser reconhecidas pelos frutos)
“22 Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, bondade, benevolência, fé, 23 mansidão e domínio de si. Contra essas coisas não existe lei.” (Gl 5, 22-23)
“5 Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem fica unido a mim, e eu a ele, dará muito fruto, porque sem mim vocês não podem fazer nada.” (Jo 15,5)
Temos ainda os Dons de Poder:
Cura: pode ser física, interior (cura de rejeição), ou espiritual (cura de pecado)
“E os enviou a pregar o Reino de Deus e a curar”. (Lc 9,2)
Quais são os motivos que impedem a cura?
1) falta de fé (procuram cura como tal sem um interesse em melhorar sua vida espiritual, em participar dos sacramentos... Buscam cura na igreja, nos grupos de oração tanto quanto no espiritismo, curandeirismo...)
2) falta de perdão,
3) pecado e
4) erro de diagnóstico (rezar pela cura física quando precisa de cura interior; pedir libertação se antes é necessário cura interior, rezar pela cura interior, quando a verdadeira necessidade é libertação ou rezar pela cura interior quando perdão dos pecados era imprescindível.
Milagres: cura instantânea
“Aquele que dá a vocês o Espírito e realiza milagres entre vocês, será que ele o faz por causa da observância da Lei, ou é porque vocês ouviram a mensagem da fé?” (Gl 3,5)
Fé: pessoa ungida por confiar em Deus. Essa confiança é tão especial que nos faz agir, nos leva a rezar com confiança. Precisamos exercitar a fé, crescer na fé, progredir na fé. Existe a fé teologal (ajuda a acreditar nas verdades reveladas), fé- virtude (nos mantém fiéis a Deus, fé- fidelidade) e carismática (certeza a respeito daquilo que não vemos). Para ter fé precisamos pedir a Deus.
Peçamos ao Senhor: Da-me fé! Peço a efusão do Espírito Santo sobre mim e sobre os meus irmãos.
E para que esta efusão do Espírito aconteça em nossas vidas precisamos nos esvaziar de tudo o que nos impede a estarmos cheios do Espírito Santo.
Peça muito, deseje muito o Espírito Santo.
Que Deus te abençoe e te dê a paz!
Fabio Limeira
(Fundador da Comunidade Graça, Misericórdia e Paz)